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CHINA - ENCARANDO O DESAFIO

  • masf125
  • 4 de mai. de 2019
  • 11 min de leitura

Atualizado: 29 de nov. de 2019

Cidade Proibida (Forbidden City), Beijing, China

Vontade de viajar para a China mas está com receio? Pode não ser fácil mas com um pouco de paciência, tranquilidade e equilíbrio, você fará uma viagem para lá de especial e sem gastar muito. Não acredita? Dá para ir sim e garanto que você não vai se arrepender de ter feito essa escolha.

O post é longo porque tentei deixar tudo explicadinho.




PREPARANDO A VIAGEM


Quando for planejar uma viagem para a China, lembre-se que o país tem proporções continentais e que qualquer deslocamento demanda tempo e, é claro, dinheiro, portanto calma quando for fazer o seu roteiro. A China tem muitos lugares interessantes, cidades históricas, parques naturais, mas você terá que escolher apenas alguns deles para visitar. Roteiro enxuto, ok? Primeiro pense nas cidades grandes, como Beijing, Shanghai, as quais provavelmente você irá querer conhecer e depois, dependendo do seu tempo e dinheiro, acrescente alguns outros lugares de seu interesse. Não se assuste quando olhar as distâncias entre eles, é tudo longe mesmo. Dá vontade de ir para um monte de lugares mas, infelizmente, você verá que não é tão fácil assim. Procure programar a viagem para a primavera ou outono (abril, maio, setembro a novembro) para não pegar extremos de temperatura e tente evitar os feriados por lá, quando as multidões nos lugares turísticos e nos transportes aumentam.

Passagens aéreas para a China são fáceis e, ficando atento, você pode conseguir bons preços. É claro que os vôos são cansativos, então procure ficar lá o máximo de tempo possível ou emende a viagem para outro lugar na Ásia. As portas de entrada geralmente são Beijing e Shanghai. Os deslocamentos internos podem ser feitos de trem ou avião.


Trem na China
Trem de alta velocidade

Os trens de alta velocidade na China são pontuais, confortáveis e fáceis de embarcar. Quando for comprar as passagens, o trem G é o mais rápido. Para ficar tranquilo, pode comprar as passagens com antecedência pela internet, lembrando que o bilhete definitivo só poderá ser emitido um mês antes do embarque e você terá que coletá-lo em alguma estação de trem. Torça para a atendente não fazer confusão. Se for comprar as passagens lá é melhor aprender mandarim. De avião a viagem fica mais rápida mas conte com os traslados para o aeroporto e os atrasos dos vôos. Quanto aos preços, os dois não são baratos, então escolha o que achar mais conveniente.

A rede hoteleira é boa e com muitas opções. Fica fácil você encontrar hotéis bem localizados por um bom preço. Se não quiser correr riscos, escolha hotéis de redes. Hotel não é problema por lá. Como sempre, escolha próximo a alguma estação de metrô ou em alguma localização que dê para conhecer algumas coisas a pé.

Resolvendo essa primeira parte, é hora de conseguir o visto. Você não tem que ir pessoalmente, portanto pode pagar para alguém providenciá-lo. Se for fazer por conta própria, o que é muito fácil, preencha o formulário que está no site http://br.china-embassy.org/por/lqfw/t1071867.htm, anexando as passagens e endereço dos hotéis reservados e leve aos locais indicados. Lá, após a entrega dos documentos, eles emitem o boleto para pagar o visto. Você paga no banco e devolve para eles. Alguns dias após já está tudo pronto. Há algumas exceções para a necessidade de visto, pode não ser necessário por alguns dias de visita se o destino final não for a China. Como essa regra muda dependendo da cidade, melhor consultar o site da embaixada para melhores detalhes.

A China não é um país fácil, portanto você tem que baixar em seu celular o máximo de aplicativos que possam lhe auxiliar. Mapas off line (o Ulmon CityMaps2Go funcionou bem lá), aplicativos do metrô (o MetroMan tem metro de várias cidades, é só ir trocando no celular), trem (o China Trains ajuda bastante), tradutor e guias turísticos com fotos dos locais que irá querer visitar. Faça prints de palavras básicas em mandarim, como metrô, trem, estação, alguns alimentos. Na hora da informação é só mostrar o print, bem mais eficiente que mímica. E, muito importante, como muitos sites de internet que usamos, bem como nossas redes sociais, não podem ser acessados lá, contrate um bom serviço de VPN e já o habilite aqui no Brasil, isso vai lhe possibilitar o uso normal de sua internet. Se não fizer isso, você não vai conseguir acessar quase nada. Desespero total.



CHEGANDO NA CHINA


Tudo pronto? Podemos embarcar? Não se esqueça de levar todas suas reservas e passagens na mão. Na hora do check in no aeroporto você provavelmente terá que mostrar como irá sair da China. Chegando lá, na imigração tudo tranquilo. Só que é bom levar a mala bem arrumadinha porque na hora em que você for sair do setor do desembarque, você terá que passá-la no raio-X e muitas pessoas tem que abrir a mala para inspeção. Se acontecer isso com você, se prepare para responder a várias perguntas: qual o motivo da viagem, quantos dias, itinerário, se está viajando sozinho e o porque de tanta roupa se você vai ficar só duas semanas lá. Sentiu o clima? Mas não deixe lhe abalar, siga em frente, troque um pouco de dinheiro e vá para o seu hotel.

Se for de táxi, sem grandes problemas, eles são bem eficientes e baratos, apenas tenha o cuidado de usar os dos pontos oficiais, geralmente tem alguém orientando e não se esqueça, nome e endereço do hotel em mandarim. Pode deixar contratado um transfer também. Quanto aos transportes públicos, não os recomendo para quem está com mala, a acessibilidade não é boa e geralmente eles são bem cheios.

Nem todos os hotéis tem funcionários falando inglês mas no check in isso não atrapalha muito, só não espere que eles consigam lhe dar informações sobre a cidade, essas você já tem que levar daqui. Não espere também centros de informações turísticas. Se encontrar um, torça para falarem inglês. Os hotéis geralmente pedem depósito e como não aceitam cartões de crédito estrangeiro, ele tem que ser feito em dinheiro, estejam preparados.



TROCANDO DINHEIRO


A moeda chinesa é o yuan, também chamado de renminbi. Como é melhor levar uma moeda forte, como o dólar, e fazer a troca lá, quando chegar ao aeroporto, já troque um pouquinho para o táxi e as primeiras despesas. Na China não existem casas de câmbio, você só poderá fazer o exchange nos hotéis (não em todos), em algumas máquinas específicas (poucas) e no Banco da China (é tanta burocracia que parece que você vai abrir uma conta). A cotação não muda muito mas a do aeroporto é um pouquinho mais baixa. Lembro que o seu cartão de crédito não será aceito lá.




ANDANDO NAS CIDADES


Praça do povo em Shanghai, China
Shanghai

O transporte público na China é bem eficiente. Nas grandes cidades você tem redes extensas de metrô e pode chegar com ele a quase todos os lugares. São rápidos, fáceis, baratos, bem sinalizados e com tudo também escrito em inglês. Máquinas para compras de bilhetes fáceis de usar também. Creio que para o turista é a melhor forma de deslocamento. Pena que nem sempre tem escadas rolantes e faltam também indicativos de qual saída da estação usar para ir aos pontos turísticos. É sair e tentar se achar. Usar táxi é viável para locais próximos mas lembre-se que o taxista só vai falar mandarim (viu para que serve a foto no celular?).


Ticket machine, não assusta ninguém.

O trânsito nas cidades é geralmente pesado e, em cidades como Beijing, não há muitos semáforos de travessia de pedestres e sim passarelas e travessias subterrâneas. Prepare-se para as escadas e para muitas voltas para atravessar uma rua.

Não se assuste com a multidão. Tudo é muito cheio o tempo todo. Com o tempo você se acostuma. Não se preocupe se andando pela cidade de repente você entre em algum lugar estranho e com cara de poucos amigos. A China é bastante segura, saia de lá tranquilamente.

Train station in Beijing, China
Estação de trem em Beijing. Organização.

Dificuldade para as mulheres irem ao banheiro, a maioria deles com sanitários no chão, mesmo os mais modernos nos shoppings. Geralmente há alguns sanitários como os nossos e eles costumam ser sinalizados nas portas.

Quanto à poluição, nas cidades maiores ela incomoda mesmo. A impressão é de que tudo está empoeirado. Horizonte sempre cinza.

Se for viajar de trem para outras cidades, não se preocupe, as estações são bem sinalizadas, com indicativos em inglês e os números das plataformas saem bem cedo. Você já espera no local reservado para o seu trem.





INDO AOS PONTOS TURÍSTICOS


Templo em Beijing, China
Templo em Beijing

Na China, mais que em qualquer outro lugar, se quiser chegar a algum ponto turístico, siga a multidão. As facilidades na língua inglesa acabam após o metrô. Neste momento, um mapa no celular ajuda muito e, se não resolver, veja para onde a maioria das pessoas está indo. O chinês faz muito turismo interno, é ele que lota os pontos turísticos. Se muita gente está indo para um lado só, vá atrás. Se quiser saber onde é a entrada, siga a fila. Isso funciona quase sempre.

Conviver com a multidão é uma coisa que você terá que lidar. Em alguns momentos ficará realmente impressionado. O conselho é respirar fundo, tentar ficar calmo e apreciar o movimento.

Torre do Tambor na cidade de Xi'an, China
Torre do Tambor em Xi'an

Ande sempre com o seu passaporte original porque em muitos locais você terá que apresentá-lo para comprar os ingressos. Quase tudo lá é feito com identificação.

Infelizmente, a maior parte dos locais turísticos maiores não tem muitas informações, mapinhas, indicações. Muito fácil se perder, não encontrar o que você quer ver lá dentro, não achar mais a saída, sair pela porta diferente e não saber mais onde está a estação do metrô. E não pense em pedir informações para quem trabalha no local, eles não vão lhe entender e parece que nem conhecem o lugar em que estão trabalhando. Se não se perder dos amigos e achar uma saída, já fique feliz. Depois, se ver que o lugar que você saiu não foi o que entrou, saque o seu celular com suas dúvidas em mandarim e vá perguntando o caminho do metrô.


Great Wall of China
Grande Muralha

Em locais com acesso mais difícil, como alguns pontos da Grande Muralha em Beijing, fica mais fácil você se ligar a um passeio turístico. Sei que não é legal mas quando se pensa nas dificuldades que você terá para chegar até lá, seu instinto de conforto fará você se render. Escolha então os passeios mais enxutos, sem comprinhas no caminho, e você não irá se aborrecer muito. Só que prepare o bolso, passeio para turista estrangeiro na China não é tão baratinho assim. Eles abusam um pouquinho.








QUEM É VOCÊ MESMO?


Não gosta de ser vigiado? Então não vá para a China, principalmente Beijing. Por lá você tem que se identificar o tempo todo. Passaporte na mão para comprar entradas de locais turísticos, ter acesso interno a muitos deles, entrar nas estações de trem. Só cuidado para não perdê- porque é muita gente no entorno.

Câmeras para todos os lados e detectores de metal e raio-X em todos os lugares, inclusive nas entradas das estações metrô. É passar tudo que você está carregando na esteira e depois você passa por uma inspeção com detector de metais. Geralmente dois ou três funcionários fazem o trabalho de revista. Com o tempo você se acostuma e já vai virando o corpo para facilitar.





AS DIFICULDADES DO IDIOMA


Sem brincadeira, o problema da comunicação é o que mais pesa. Dá até para se virar nos hotéis mas quando você sai para a rua o negócio complica. E não adianta falar palavras em inglês que você julga fáceis, como metrô, táxi, chicken, spicy, eles não vão entender mesmo. Aí vale o poder da mímica, das fotos do celular, do cartão de metrô que você comprou e mostra para explicar o que está procurando. Prepare o seu psicológico para isso porque é o que mais vai dificultar sua viagem. Quando no hotel a atendente usar o tradutor do celular para falar com você, pense que é assim mesmo, nova forma de comunicação. Na hora dá desespero mas depois você se acostuma. Incrivelmente, o lugar mais fácil para se comunicar foi nos mercados de rua. No mercado islâmico de Xi’an, tinha vendedor até se arriscando no espanhol.








O QUE COMER


Foto de comida de rua na China

A língua foi o difícil? Se prepare agora para comer. A comida chinesa não se parece nem um pouco com a que temos aqui. Mais pesada, condimentada, com muitas misturas de legumes, cogumelos e carnes que muitas vezes não conseguimos identificar. Como perguntar sobre o prato fica difícil e muitas vezes você não tem um cardápio em inglês, você acaba escolhendo pela foto ou pelos pratos prontos ou maquetes.

Foto de comida de rua na China

Foto de comida de rua na China

O chinês adora comida de rua. Em todos os lugares, principalmente próximo aos pontos turísticos você encontra uma infinidade de tipos de comida, difícil é se arriscar a provar porque você nem sabe o que é aquilo e nem como foi preparado. Coisas muito estranhas realmente. Os restaurantes convencionais são um pouco difíceis de encontrar, é bom pegar referências e endereços. Como na China há muitos shoppings, uma possibilidade é comer nas áreas de alimentação ou em restaurantes localizados dentro deles. Em alguns shoppings existe uma área de alimentação com balcões com vários tipos diferentes de comida preparadas na hora. É escolher pelo que vê e pagar em um caixa único. A comida não é lá essas coisas mas dá para quebrar um galho. Também você encontra nas ruas casas de fast food, como o McDonald’s e muitas KFC. Alguns lanches são um pouco diferentes do que estamos acostumados mas você pode matar a vontade de uma batata frita, só que os preços são um pouco mais altos que o de costume e mais caros que uma refeição normal em um restaurante.

Você encontra lojas de conveniência em todos os lugares mas nada de comidas prontas, frios e pães que não sejam industrializados. Os cafés da manhã nos hotéis são mais orientais, tem poucas coisas com as quais estejamos acostumados, pelo menos nos hotéis mais simples. Para quem gosta de refeição salgada de manhã, não vai ter problema nenhum.




COMPRAS? NÃO MUITAS


Wangfujing Avenue, Beijing, China
Avenida Wangfujing, um dos endereços de compras mais famosos em Beijing

Uma amiga fala brincando que a China tem uma loja para cada chinês. Não é bem assim mas realmente a quantidade de lojas e shoppings é surpreendente, muita mesmo. Em qualquer cantinho tem várias lojas, às vezes galerias extensas no subsolo. Os shoppings são bem estruturados, modernos, marcas internacionais, principalmente esportivas, apenas os preços não são tão convidativos. Lojas locais com roupas de qualidade, ótimos tecidos, mas com numeração apropriada ao corpo e altura da população chinesa. Nelas dá até para fazer algumas compras. Os jovens se vestem muito bem e muito do comércio é voltado para eles.

Coisinhas chinesas? Não precisa comprar lá, dá para comprar aqui. Tudo igual.

Quanto às lembrancinhas de viagem, você só encontra nos locais bem turísticos. Aí vale a pena pechinchar bastante porque o preço começa lá de cima.

E os mercados de rua, como sempre, muito legais.



ENTENDENDO A POPULAÇÃO QUE LHE RECEBE


Sim, os chineses são barulhentos, agitados e tem alguns hábitos diferentes dos nossos, mas são os hábitos deles. Eles podem furar a fila, atropelar você no caminho, entrar na frente da sua foto mas isso não quer dizer que eles não lhe respeitem. Eles fazem isso o tempo todo e ninguém briga, ninguém se exalta, todos continuam tranquilos. Parecem que estão dando bronca quando conversam? É o jeito deles falarem. Poucos sorrisos? Eles tem um jeito peculiar de humor. Não conversam com você? Às vezes eles se esquivam por não saberem falar inglês.

Saiba que os chineses lhe tratam muito bem com todo esse jeito deles. Ficou perdido na rua? Eles tentam lhe ajudar na medida do que a língua facilita e tentam entender suas mímicas; inclusive os policiais, são muito gentis. Os mais jovens abrem mapas no celular para que você compreenda o caminho. Nos restaurantes eles são pacientes e se desculpam se você pedir errado o prato que queria. Fazem questão de lhe dar todas as moedinhas de troco e não aceitam gorjetas, parece ofensa. Tudo bem que às vezes eles riem de você, acham sua confusão divertida, mas até aí, você também acha. Ficam sérios quando estão a trabalho. Nessa hora você estranha.

O chinês gosta muito de viajar, adora comida de rua, fazer piquenique no aeroporto. Não respeita os assentos preferenciais. Come sopa no trem e se derrubar no banco do vizinho, finge que nada aconteceu. Leva as crianças para os lugares mais perigosos e cheios e não fica com neura, elas sabem se virar. São alegres e aparentemente amigos. Agradecem qualquer gentileza sua e gostam quando você sorri para as crianças. Você fica atordoado mas com o tempo compreende como eles são e a partir daí começa a entendê-los com carinho e a perceber o quanto lhe acolhem bem. Xié xié.







1 Komentar


José Roberto Tadeu Maiolo
25 Mei 2019

Ótima explanação dos lugares!

Suka

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